Vai um cafezinho?
(…)
Uma reflexão a fazer
Recuperaremos a frase inicial deste artigo quando aludíamos ao abandono da terra, ao abate da frota pesqueira e à desindustrialização. A alternativa foi, pois, a tercearização da economia, em várias componentes: a especulação financeira, o desenvolvimento das empresas de consultoria, algumas das quais verdadeiros nichos de emprego e de negócios para ex-ministros que aí drenam toda a informação sigilosa do Estado; e o sector de serviços ligado sobretudo a serviços pessoais, à limpeza, à vigilância e transporte de valores, ao apoio social, ao comércio e ao alojamento e restauração.
Os micro, pequenos e médios empresários foram, pois, empurrados para uma tercearização onde não abunda o conhecimento, a tecnologia , a gestão e, naturalmente, adequados capitais próprios capazes de amortecederem o efeito nocivo da crise criada pelo sistema vigente.
Chegados a 2012 vão ser estes, como no passado foram os sectores produtivos, os alvos das falências, dos encerramentos e do desemprego.
Há poucos dias foi tornado público um desabafo de um alentejano, emigrado no Algarve, que lapidarmente referiu o seguinte:”Assisti, no passado, ao desaparecimento das searas. Agora assisto ao desmantelamento das gruas”. Referia-se concretamente à destruição da Reforma Agrária no Alentejo e ao desastre que, actualmente, se abate na construção civil no Algarve.
Outros haverá que, concretamente, dirão: “Assistimos no passado à destruição da construção e reparação naval. Agora assistimos ao encerramento maciço de cafés e restaurantes”.
Anselmo Dias
Fonte Jornal Avante! 19.7.2012